terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Informação Jornalística!



“O documento arquivístico torna-se aquele que é gerado espontaneamente no exercício das atividades rotineiras de uma instituição [...]” (LOPEZ, 1999, p. 41)

“O conceito de arquivo demanda, ainda, a ação deliberada de preservar os documentos após o cumprimento das atividades para as quais foram criados, com finalidade de prova da execução de tais atividades.” (LOPEZ, 2012, p.16)

A imparcialidade é uma das qualidades do documento de arquivo apontadas por Luciana Duranti.

“A imparcialidade dos documentos refere-se à capacidade dos documentos de refletirem fielmente as ações do seu produtor. O autor enfatiza a verdade administrativa do documento e não a verdade do seu conteúdo. O motivo da criação de um documento, independentemente do seu conteúdo ser ou não, suponhamos, uma fraude, seria legítimo no que se refere à sua relação com as atividades da entidade que o criou.” (RODRIGUES, 2006)

“A distinção entre atividades-meio e atividades-fim irá determinar, dentro das organizações o alcance que os documentos terão. Tais diferenças também têm sido refletidas no tratamento documental e, principalmente na avaliação dos registros com potencial para se tornarem permanentes. Em linhas gerais, a preservação dos documentos-meio restringe-se à vigência legal e ao uso administrativo, enquanto que os documentos-fim são, frequentemente, destinados à guarda permanente.” (LOPEZ, 2012, p.20)

Segundo Lopez (2012) o arquivo é um conjunto sistematizado de provas de ações, que deve abranger toda a existência do titular e seus documentos são produtos da uma vontade administrativa.

Então a reportagem, nesse sentido, pode ser considerada um documento arquivístico dotado de organicidade. Ela vai compor o fundo da instituição que a criou como prova de uma atividade informativa que é para ser uma atividade-fim de uma instituição jornalística.  Independentemente de ser verídica ou não, haveria informação arquivística no vídeo, uma vez que se relaciona à comprovação de uma atividade da pessoa física ou jurídica que a produziu ou recebeu, devendo, portanto ser arquivada.

Há apenas uma falsidade histórica, ou seja, “traz a inverdade na própria actio: o fato não existe ou existe de modo diferente do exposto” (Bellotto apud Glossário geral de Ciência da Informação da FCI - UnB) ou como lemos em Duranti: equivale dizer que os fatos descritos não são verdadeiros.

Podemos considerar ainda que o vídeo faça parte do fundo do programa de humor que o gerou em seu cotidiano, de forma a satirizar o jornalismo. Em ambos os casos, pode-se considerar que houve uma denúncia, e que as mesmas informações serviram como base ao mesmo interesse.

Se fôssemos tornar a veracidade como relevante e de importância extrema, tudo que fosse ficção não entraria no arquivo de uma empresa, então filmes e livros deste tipo não fariam parte das tarefas de seus criadores.

A interpretação do documento de maneira crítica e a atribuição de valores ideológicos deve ficar à cargo de quem tem acesso à ele, cabendo ao arquivista o tratamento e a disponibilização da informação, levando é claro, em consideração, a sua contextualização, o que requer conhecimento da diplomática, que define o que são os documentos, complementada pela tipologia, que determina o titular arquivístico e a real função de guarda do documento dentro do arquivo.

Referências:

LOPEZ, André Porto Ancona. Identificação de tipologias documentais em acervos de trabalhadores. In: Antonio José Marques; Inez Terezinha Stampa. (Org.). Arquivos do mundo dos trabalhadores: coletânea do 2º Seminário Internacional. São Paulo; Rio de Janeiro: CUT; Arquivo Nacional, 2012. P. 15-31.

LOPEZ, André Porto Ancona. Tipologia Documental de Partidos e Associações Políticas Brasileiras. São Paulo: História Social USP/Loyola, 1999.

RODRIGUES, Ana Márcia Lutterbach. A teoria dos arquivos e a gestão de documentos.  Perspectivas em Ciência da Informação, Belo Horizonte, vol.11, nº.1, Jan./Apr. 2006.

Glossário geral de Ciência da Informação da FCI - UnB <http://www.cid.unb.br/M452/M4522012.ASP?txtID_PRINCIPAL=95> 


Imagem extraída de: http://scienceblogs.com.br/cognando/2012/04/a-verdade-esta-no-olho-de-quem-ve/, em 12/02/2013.

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